Diario de Pernambuco
Busca

Lançamento

Herbert Vianna faz declaração de amor à esposa Lucy em novo disco

Álbum Victória é o primeiro nome da esposa falecida em 2001

Publicado em: 23/11/2012 08:29 | Atualizado em: 23/11/2012 13:14

Novo álbum solo, Victória, é uma declaração de amor à esposa Lucy, falecida em 2001. Foto: Edílson Rodrigues/CB/D.A Press
As 20 músicas listadas na contracapa de Victoria (Oi Música), novo CD de Herbert Vianna, dão a impressão de que se tem um álbum longo, verborrágico, esticado. Engano. Apenas duas faixas passam dos três minutos - a maioria fica na casa dos dois, e outras três não chegam nem a isso. É como se no álbum, formado em sua maioria por canções suas lançadas por outros, o compositor lançasse no ar curtos bilhetes de amor - o presente e o ausente, o que começa e o que termina, o do encontro e o do desencontro. Victoria, não por acaso, é o primeiro nome de Lucy, mulher de Herbert morta em 2001.

"Já tínhamos o disco pronto, mas não um nome. Até que conversando com Herbert por telefone, ele disse: "Me veio uma ideia...". E falou em Victoria, lembra Chico Neves, que assina a produção do disco e é o grande parceiro de Herbert na sua feitura (é o único outro músico que participa do CD, gravado em seu Estúdio 304). "Achei fantástico por seu simbolismo. Além de ser o nome de Lucy, expressa a realização de um desejo."

Herbert expressava há cinco anos o desejo de fazer o disco com Chico - as gravações começaram em novembro de 2010. E, desde o início, havia o conceito da simplicidade que norteia o projeto. Sua ideia original era o voz-e-violão - e essa é a base da sonoridade, enriquecida por sutis camadas de vozes, violões, guitarras, minimoog, teclados, sitar, efeitos e outros instrumentos.

"Meu desejo era esse quadro impressionista", explica Herbert. "Um arremesso direto e cru das ideias e conceitos sobre um naipe de canções que se tornaram conhecidas de forma mais elaborada. Estava querendo o mais no menos, buscando referências em coisas mais simples."

Chico lembra o processo de gravação:

"Era legal o conceito do simples, mas eu não queria que ficasse com cara de demo, simplório. Partindo sempre da forma como Herbert tocava a canção, pedia a ele para gravar um violão em cima, uma voz, depois fui gravando coisas, pondo efeitos... Foi-se criando uma atmosfera. Fizemos isso com Une chanson triste e depois seguimos o formato para as outras."

Na primeira visita ao estúdio para pensar o disco, Herbert tocou por quatro horas, emendando canções num jorro que já trazia o repertório do disco - músicas como Só pra te mostrar, Quando você não está aqui, Um amor, um lugar, Se eu não te amasse tanto assim e Nada por mim, lançadas respectivamente por Daniela Mercury, Maria Bethânia, Fernanda Abreu, Ivete Sangalo e Kid Abelha.

Entre sucessos, há canções pouquíssimo conhecidas, como Mulher sem nome (gravada por Eduardo Toledo). E uma inédita: a bossa nova Penso em você, primeira composição de Herbert, escrita em Brasília, antes de ele se mudar para o Rio e criar os Paralamas.

"Estava na oitava série e estudava violão com um professor que era um cultor da bossa. Fiz essa música para participar de um festival na escola, fiquei em terceiro lugar", conta Herbert.

Voz mais suave do que nos Paralamas

O cantor que aparece no disco tem a voz mais grave e suave que a que costuma aparecer nos Paralamas. Uma busca intencional sua e do produtor:

"Me dei conta de que nos Paralamas muitas vezes fazíamos as músicas em tonalidades que privilegiam mais o punch que o conforto para a voz", avalia Herbert. "São heranças da nossas referências de pós-punk, coisas como Meu erro eram gritadas no limite. Nesse disco, buscamos tons mais próximo do original do momento da composição, de eu tocando essas canções em algum canto da minha casa, sozinho."

Após 12 anos sem um disco solo, Herbert já prepara o próximo. Também ao lado de Chico, ele grava um CD com canções de outros compositores:

"São músicas que serviram de referências do meu sentimento, estiveram nos meus primeiros passos ao violão."

COMENTÁRIOS

Os comentários a seguir não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL